FATOR DE RISCO ISOLADO PARA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

Síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono como fator de risco isolado para hipertensão arterial sistêmica

Carlos E. TEIXEIRA1; Letícia E. da COSTA2; Natália S. CAMARGO3; Paolla R. de B. BOTELHO4; Idelma A. BATISTA5.
{1,2,3,4} Discentes do curso de medicina da Universidade José do Rosário Vellano, Campus Alfenas
{5} Docente do curso de medicina da Universidade José do Rosário Vellano, Campos Alfenas 1carloseduardoteixeira3@gmail.com

INTRODUÇÃO: A síndrome da Apneia/hipopneia Obstrutiva do sono (SAHOS) é caracterizada por obstruções da faringe, levando a manifestações como roncos, apneia e microdespertares. A SAHOS está relacionada a repercussões sistêmicas graves como hipertensão arterial sistêmica (HAS). Estima-se que cerca de 50% a 70% dos pacientes com SAHOS sejam hipertensos e que 30% dos hipertensos tenham SAHOS.

OBJETIVOS: Enfatizar a SAHOS como fator de risco para HAS.

MÉTODOS: Consulta ao prontuário e Pubmed/Medline/Scielo.

RELATO DE CASO: I.M.F., sexo masculino, 34 anos, hipertenso há 08 anos, em uso de Alisquereno 150mg (1.0.0), queixa de roncos e sono não reparador há mais de 10 anos. Fez uso de chupeta até os 06 anos, sem tratamento ortodôntico. Iniciou atividade física há um ano com melhora do sono. Há 02 meses buscou atendimento médico por causa da sonolência diurna. Obteve 02 pontos na Escala de Epworth e duas categorias no questionário de Berlim. Solicitada polissonografia – compatível com índice de distúrbio respiratório obstrutivo do sono aumentado e em grau moderado. Ao exame físico apresentou sinais da síndrome da obstrução respiratória. Cefalometria e Raio X de cavum constataram diminuição importante do espaço aéreo. Ecocardiografia sem alterações e atividade plasmática da renina = 0.1 ng/ml/H. Indicado avaliação do cirurgião bucomaxilofacial e do otorrinolaringologista, diagnosticado com pólipo nasal, o qual foi orientado cirurgia.

DISCUSSÃO: A SAHOS é vista como um fator de risco pelo fato da hipóxia ativar o sistema simpático persistentemente, levando ao
aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial. É importante citar a atuação do sistema renina-angiotensina na HAS associada à SAHOS, marcada pelos peptídeos vasoconstritores e baixa atividade plasmática de renina, o que é ressaltado no caso. Finalmente, as alterações ortodônticas e otorrinolaringológicas desse paciente parecem ser os fatores de risco mais importante, haja vista o maior tempo de evolução. A abordagem cirúrgica mostra importância nesse caso, já que objetiva modificar tecidos moles da faringe e parte óssea.

CONCLUSÃO: Paciente iniciou alteração pressórica aos 26 anos, como a incidência de HAS é baixa nessa faixa etária, vê-se imprescindível investigar uma causa secundária. Dado que apresenta alteração anatômica, sinais de obstrução respiratória desde a infância e queixa de sono não reparador há mais de 10 anos, caberia ao clínico ter investigado SAHOS na época do diagnóstico de HAS.

REFERÊNCIAS:
1- Junior, C. M. C. et al. Consenso brasileiro de ronco e apneia do sono – aspectos de interesse aos ortodontistas. Dental Press J. Orthod, Maringá, vol. 16 no.1, Jan./Feb. 2011
2- Campostrini, D. D. A. et al. Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono e Doenças Cardiovasculares. Rev Neurocienc, São Paulo. 2014
3- Ribeiro, F. e col. Respiração oral: alterações oclusivas e hábitos orais. Rev CEFAC 2002; 4:187-190
4- Neto, M. e col. Estudo epidemiológico das alterações estruturais da cavidade nasal associadas à síndrome da apnéia e hipopnéia obstrutiva do sono (SAHOS) Rev. bras. otorrinolaringol;71(4):464-466, jul.-ago. 2005
5- Bittencour, A.R.L. e col. Abordagem geral do paciente com síndrome da apneia obstrutiva do sono. Rev Bras Hipertens vol.16(3):158-163, 2009